sexta-feira, 9 de outubro de 2009

romanceiro da inconfidência - Cecília Meireles




6 comentários:

  1. É so um pequeno exercício para sua imaginação....Que é brilhante!
    Ta aí sua criação!!!
    Os “koan” apõem a mente às grandes questões da existência, ...
    A arte do silêncio e da palavra.
    A arte de conhecer a mente pela mente...rsrsrs...
    Vou deixar quieto se nao vou longe....
    A mente nao tem limites, e nem a imaginção de um artista!

    Grande abraço!

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  2. Nossa, Daniel... Que foda, hein! Bem naïf, bem expressivo.
    Sabe que eu já tentei estudar este tipo de composição, mas me perdi todo...

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  3. Romance XXXI ou De Mais Tropeiros

    Montaria
    Por aqui passava um homem
    - e como o povo se ria!-
    que reformava este mundo
    de cima da montaria.
    Tinha um machinho rosilho.
    Tinha um machinho castanho.
    Dizia: "Não se conhece
    país tamanho!"
    "Doc Caeté a Vila Rica,
    tudo ouro e cobre!
    O que é nosso, vão levando...
    E o povo aqui sempre pobre!"
    Por aqui passava um homem
    - e como o povo se ria!-
    que não passava de alferes
    de cavalaria!
    "Quando eu voltar - afirmava -
    outro haverá que comande.
    Tudo isto vai levar volta,
    e eu serei grande!
    "Faremos a mesma coisa
    que fez a América Inglesa!"
    E bradava: "Há-de ser nossa
    tanta riqueza!"
    Por aqui passava um homem
    - e como o povo se ria! -
    "Liberdade ainda que tarde"
    nos prometia.
    E cavalgava o machinho.
    E a marcha era tão segura
    que uns diziam: "Que coragem!"
    E outros: "Que loucura!"
    Lá se foi por estes montes,
    o homem de olhos espantados,
    a derramar esperanças
    por todos os lados.
    Por isso passa um homem
    - e como o povo se ria! -
    e, atrás, a sorte corria...
    Dizem que agora foi preso,
    não se sabe onde.
    ( Por umas cartas entregues
    ao Vice-Rei e ao Visconde. )
    Pois parecia loucura,
    mas era mesmo verdade.
    Quem pode ser verdadeiro
    sem que desagrade?
    Por aqui passava um homem...
    - e como o povo se ria! -
    No entanto, à sua passagem,
    tudo era como alegria.
    Mas ninguém mais se está rindo,
    pois talvez ainda aconteça
    que ele por aqui não volte,
    ou que volte sem cabeça...
    ( Pobre daquele que sonha
    fazer bem - grande ousadia -
    quando não passa de alferes
    de cavalaria! )
    Por aqui passava um homem...
    - e o povo todo se ria.


    Eu não me atreve a dizer coisa alguma
    Toda a história foi contada por ela.

    Marcos Aurélio

    muito bonita sua ilustrações. És um grande talento!

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